Pelo meu direito de fumar

Já sei que faz mal, já sei que meu pulmão tá preto, que minha voz de manhã é péssima, mas enquanto eu continuar impotente perante a minha dependência química, continuarei fumando. Se eu quisesse viver num lugar onde fumar é praticamente crime, estaria na Califórnia.
Ok, eu não vou fumar na sua casa, nem no seu carro, nem na frente do seu filho e nem no corredor de um hospital. Mas por favor, pare de me olhar feio quando eu tiro meu isqueiro do bolso ou quando eu peço um café e um cinzeiro. Por favor, pare de achar que a minha fumaça te prejudica mais que o ar na Marginal Tietê. Pare de dizer que meu filho vai nascer com bronquite e que a culpada serei eu. Por favor, pare!
Por favor, permita que durante meu trabalho, eu levante a minha bunda da cadeira em dois intervalinhos de 5 minutos e vá fumar a porra do meu cigarro em paz!
Você odeia cigarro? Eu também odeio. Me arrependo todos os dias por ter experimentado um. Mas infelizemente meu corpo foi mais fraco que eu seu.
E eu só fumo porque me vendem. Não teria a menor paciência em enrolar cigarro artesanal. Só fumo porque vendem pronto, em caixinhas, aqui embaixo, na padaria da esquina. Só fumo porque existe uma indústria que me cobra um imposto absurdo por ser consumidora de nicotina. Fumo porque me faz bem. Se você não gosta, recuse o convite de sentar comigo num bar pra uma cervejinha. Porque eu vou fumar, você gostando ou não. E se você for ex-fumante, não me conte sobre os milagres do ziban, dos adesivos, da acupuntura, e nem que simplesmente parou, assim, do nada, porque você é forte.
Pronto, falei.....