quinta-feira, 22 de março de 2007

Ficarei sem escrever um tempo. De novo.
Vou viajar. De novo.

terça-feira, 20 de março de 2007

Forest Gump


O título desse texto poderia ser também: Como pegar um mentiroso.
Mentiroso é um tipo de gente que me intriga. Nunca sei pra quem ele tá mentindo, se é pra ele ou pra mim. Mas eu dou corda pra mentiroso. Olha essa história:
Trim, trim.
- Alô
- Oi Ju, quanto tempo?
- Nossa, é mesmo. Desde o ano passado que não falamos. Como foi de natal, ano novo, carnaval?
- Ai, menina, fui ótimo! Viajei bastante. De Paris ao Paquistão, passando por Miami, NY, Madri, uma loucura! Mas sabe como é, né. Chega uma hora que dá vontade de voltar pra casa.
- Ai, é mesmo. Nossa cama, nosso chuveiro, nossa cozinha...
- Não por isso. É por causa dessa loucura nos aeroportos.... ai, cansei.

Eu não sabia se ria na hora ou esperava pra quando desligasse o telefone.
Vejam a última frase do diálogo. Vou repetir: - ... essa loucura nos aeroportos...
A partir daí, fiz uma descoberta e vou dividir com vocês: em Paris também tem cindacta 1, 2, 3.No Paquistão os controladores de vôo são mal remunerados e em Madri o aeroporto fecha por causa das chuvas de verão de São Paulo.

Mentiroso é assim, descarado. Ele esquece e, pá, dá uma mentidinha.
No fim, fiquei sem saber se ele passou o natal em Piracicaba, Taubaté, Iguape. Mas ele ficou feliz em se imaginar percorrendo o Rio Sena no dia 31 de dezembro.




terça-feira, 13 de março de 2007

A bolsinha


Não sei, não, mas sempre achei que honestidade é como cor. Ou a pessoa é preta ou é branca. Ou é honesta ou não é.
E aí essa senhora que ganha R$400,00 (!!!!) por mês, devolve o dinheiro que achou no banheiro que ela limpa. Ela passa o dia limpando xixi, cocô, catando papel higiênico usado, desentupindo privada e é honesta. Porque ela é assim. Ela nunca ficaria com esse dinheiro.

Então agora vou contar pra vocês uma história:

Quando eu tinha uns 11 anos, ganhei uma viagem pra Disney. O mais longe que eu tinha ido até então, era Foz do Iguaçu. Finalmente ia conhecer o Mickey, o sonho da classe média brasileira de 1986.
Lá fui eu pro aeroporto. Mamãe me deu uma bolsinha, eu vesti a camiseta laranja da excursão e fui. Na bolsinha, meu passaporte novinho em folha, meu dinheiro, voucher de hotel, passagem e tudo mais que eu precisava para viajar.
Bolsinha, bolsinha, cadê a bolsinha?

- Mãe, minha bolsinha sumiu!
- Como assim, Juliana? Você não tem nada nessa cabeça mesmo! Como perdeu a bolsinha? A sua vida está dentro dela, menina!
- Mãe, não sei. Sumiu. Pai, não sei, sumiu.
- Tá vendo, sua filha puxou você. Esquece tudo mesmo - dizia mamãe para o papai.
- Calma, filhinha, vamos achar. Você já procurou no banheiro?
- Já pai, e não está.
- Na cadeira?
- Já, pai, e não está.
- Essa menina é desmiolada. Vai perder a viagem!
- Para, mãe....
- Filha, vamos até a lanchonete. De repente pode estar lá.
- Você sempre sonhador. Você acha que alguém vai achar uma bolsa cheia de dólares e vai devolver?
- mamãe já estava a ponto de pedir o divórcio pro papai.

Procura daqui, procura daqui, eu já chorava, mamãe gritava, papai olhava e nada da bolsinha. A lanchonete já estava mais vasculhada que favela em dia de prisão de traficante, e a bolsinha, nada.
Só o que restava era ir pra casa.
- Mocinha, você perdeu alguma coisa?
- Sim, moça, a minha bolsinha de viagem. Não vou mais pra Disney, moça.....
- Uma com o desenho do Snoopy?

- É, moça. Do Snoopy!
- Essa aqui?

- Meu Deus, você achou!!! Moça, você achou a bolsinha!!!!
- mamãe abraçava a mulher.
- Meu Deus, você achou!!! - gritava papai atrás.
- Meu Deus, você achou!!! - imitava eu, do lado.
- Achei, sim. Estava limpando a mesa e encontrei. Tome sua bolsinha, garotinha, e boa viagem.

Sabem por que ela fez isso? Porque ela é honesta, só por isso. Porque ela aprendeu assim. Porque, provavelmente, seus pais também eram. Ela não ia ficar nunca com o dinheiro da minha bolsinha do Snoopy, simplesmente, porque o dinheiro não era dela.
E eu só fui pra Disney naquele dia graças a honestidade da faxineira da lanchonete do aeroporto.






sábado, 3 de março de 2007

Fom, fom




Tô aqui tentando entender a utilidade da buzina. Sim, aquela buzina que tem no meio do volante. Até sei que ela serve pra alguma coisa, mas se você é usuário compulsivo de buzina, nem leia esse texto, porque você vai ter raiva de mim, assim como eu já tenho de você.

Eu tenho o péssimo hábito de analisar as pessoas pelas suas atitudes cotidianas. E pelas suas buzinadas por aí.

Fico imaginando como é, em casa, aquela pessoa que buzina pro coitado do carro da frente que tá lá com o carro "morto", tentando desesperadamente ligá-lo novamente, suando, tremendo, morrendo de vergonha. Será que ele acha que sua buzina tem poderes mágicos?
- O farol abriu, vou buzinar pra essa dona Maria!!! Foooooooooooooooommmmmm! Vamos dona Maria, liga esse carro! Conserte esse carro em 1 segundo porque eu quero passar!! Eu quero passar, dona Maria! Ah, dona Maria, vai pilotar fogão!!!!
E mete a mãozona no meio do volante. Nessa hora, dona Maria já começou a chorar, já não sabe onde enfiar a cara e aí é que o carro não vai ligar mesmo. Pobre dona Maria.
Então, o buzinador chega em casa, olha o fogão, vê que a mulher não fez o jantar e começa a gritar, porque a buzina tá lá na garagem e ele não pode buzinar no ouvido dela. Eu sempre acho que quem buzina também grita. Uma coisa tem relação com a outra. E tenho pena da mulher do buzinador.

Tem também o buzinador apressadinho, aquele que quando o farol (sinal, semáforo, como queiram) ameaça abrir, lá está ele, com a mãozona :
- Fom, fom, vamos gente, o farol abriu.
O coitado da frente nem engatou a primeira e o buzinador já avisou.
Eu tenho certeza que esse cara é o mesmo que faz fila pra entrar em avião, como se o lugar dele fosse fugir, o que avisa que hoje vai chover, que cigarro faz mal, que seu cabelo tá meio despenteado. É o precavido, o que presta atenção em tudo, o que acha que pensa rápido.

Mas o pior é o que buzina pro caminhão de lixo. Não tem jeito, eu olho pra cara dele e tenho certeza que ele, depois de comer Mc Donalds dentro do carro, arremessa o saco pela janela. E ainda faz aquela encenação de Michael Jordan pra namorada que tá no banco do lado.
Ele não pode ver um caminhão de lixo parado, fazendo adivinha o que? Catando o lixo. Ele não pode ver, que já começa:
- Fooooooooooooom, fooooooooooooom, fooooooooooooooooom!
Ele tem certeza que os pobres lixeiros vão correr mais ainda, vão pegar os sacos no meio da rua voando, pra que ele possa passar com seu carrão. Esses buzinadores tem complexo de perseguição. Chegam no destino e dizem:
- É sempre assim. Toda vez que eu saio, esses malditos lixeiros atrapalham meu caminho. Será que eles não tem outra hora pra tirar o lixo que não seja quando eu estou dirigindo?

Já pegou na Marginal Tietê às 6 da tarde? Não adianta rezar, pedir pra Santo Expedito, escutar cd de música transcendental, ligar pra agenda toda do celular. E não adianta buzinar, porque a buzina, infelizmente, não faz os carros da frente desaparecerem. Os carros a sua frente não vão criar asas, os caminhões não vão sair da faixa da esquerda, o rodoanel não vai ficar pronto antes de você chegar em casa.

Eu só perdôo aquele que tem buzina que toca funk:
- Vem tchutchuquinha, fom, fom, vem, vem....
Esse, pelo menos tem senso de humor. Deve fazer churrasco na lage de casa todo domingo. Deve estar pagando o kit "buzina musical" em 12 vezes, mas se diverte muito mais do que o chato da dona Maria.