quarta-feira, 29 de novembro de 2006

o pudim

Nunca comi pudim de leite moça. Quer dizer, comi quando tinha uns 8, 9 anos, por insistência da mãe da amiga da escola que me obrigou a engolir aquela sobremesa que ficava rebolando na travessa.
- Come, Juju. Criança tem que comer tudo. Eu sei que você quer. Não seja tímida, não faça cerimônia. A titia vai por pudim no seu pratinho, tá, benzinho.
Aquilo foi quase um estupro gastronômico. Aquela velha enfiando o pudim no meu pratinho contra a minha vontade. Se fosse hoje, ia dizer: - No meu pratinho, não!! No meu pratinho ninguém encosta! Mas eu era criança e só consegui falar:
- Eu não quero, obrigada. Essa coisa rebola. Não quero, por favor.... E comi. E vomitei. E nunca mais comi.
Eu tenho pavor de pudim. Tenho pavor daquela coisa rebolenta, com aquela calda com cor de cocô. Não como nem que me paguem. Traumatizei.
Aí outro dia encontrei um amigo:
- Ju, meu namorado nunca comeu uma mulher! Ele tem que comer pra saber que não gosta.
- Como assim? Você quer que o seu namorado saia uma mulher?
- É, Ju. É que nem bacalhau. Você tem que comer pra saber se não gosta. É que nem jiló, entendeu?
- Entendi.
E contei pra ele a história do pudim de leite moça rebolando no meu pratinho.
- Às vezes, você pode até comer, mas se for ruim, você provavelmente vai esquecer o gosto. De que adianta comer, então? É o tal do feeling, sabe? Você nunca comeu, mas sabe que não vai gostar. É como o vizinho do terceiro andar, você nunca comeu e sabe que não vai gostar. É que nem mulher. Ele nunca comeu e sabe que não vai gostar daquela coisa rebolando no pratinho dele.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Recomendo!!!

Pra quem mora no Rio ou pra quem vai estar por lá.

Alguns bons motivos pra assistir:
- É uma aula de história sobre o Brasil, contada de um jeito divertido e bem humoardo!
- O texto é muito bem escrito!
- A orquestra dá um show e as músicas são um espetáculo a parte!
- O elenco dança, canta afinadíssimo e os atores estão na maior sintonia! E o menino que interpreta Dom Miguel é um gato! E pelo que parece é homem, meninas!
- Pode fumar no intervalo! E tem pipoca feita naquele óleo bem curtido!
- Custa R$ 25,00 na semana e R$1,00 no domingo.
- É na Praça Tiradentes, centro. Pode aproveitar e conhecer um pouco do Rio antigo.
- O diretor é meu conhecido e já gastou toda a grana montando a peça, já que o ministro da cultura... bom, o ministro da cultura deixa pra lá. Precisa de divulgação!
Império (clique aqui)
quinta e sexta às 19:00
sábado às 20:00
domingo às 18:00

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

burro


Deixa eu te explicar, garoto: - Você é chato, você é feio, você sua, a sua dancinha dois pra lá dois pra cá é ridícula, o seu tom de pele não me agrada, é meio bege, nem branco, nem loiro, nem preto, nem bronzeado, o seu papo é irritante e a sua burrice é intolerável.


Deus, por que eu não nasci burra?
Por que você me fez uma mulher inteligente?
Tudo na vida é mais fácil para os mais burrinhos. Se eu fosse burra, estaria namorando qualquer imbecil, estaraia disposta a ouvir histórias médias, de um garoto classe média, com um emprego médio, com cultura média, com família média, com tudo médio.
Se eu fosse burra estaria rica, porque não teria idéias ótimas de viagens, compras, bares, livros. Se eu fosse burra, não ligaria pra moda, não gastaria em blusas, calças, bolsas, biquinis.
A inteligência é cruel. Derruba o ser humano. Cansa. Faz a gente trabalhar mais, pensar mais, escolher mais. Tudo é mais.
Eu queria ser burra. Bonita e burra. Mulher bonita e burra não se chateia, não paga conta, não sofre de amor. Gente burra simplesmente não entende. Tudo é mais simples.
Aí a burra aqui veio inventar de ser uma mulher inteligente. Tá solteira, pobre, cansada.
Já viu burro solteiro? Eu nunca vi. Burro sempre encontra um par. Não seleciona. Pega qualquer fuleiro pra não precisar pensar. Burro aprende a gostar com o tempo.
Já viu burro pobre? Não burro que não sabe ler, ignorante. Burro mesmo. Eu nunca vi. Vai na diretoria das multinacionais, vai. Tá lotado de burro. Burro ganha bem. Burro adora dar ordem. Aí você pergunta: Por que? E o burro fica bravo e não responde. Não porque é superior a você, porque não sabe mesmo. Porque sim, ué....ele vai dizer.
Ser burro é bom. Facilita a vida. Burro é cheio de amigo. As pessoas têm dó, ficam dando chance, repetem a piada. Vai o inteligente não entender a piada pra ver o que acontece? Todo mundo ri. Não da piada, mas da cara do inteligente que não entendeu.
Eu queria ser mais burra, ah se queria!

domingo, 26 de novembro de 2006

Regras, regras e mais regras

Essa semana fui a um jantar. Coisa de bacana, diziam. Lugar chique, aniversariante não muito, mas rico. Novo rico. Comidas, bebidas, o famoso proseco de tantos e tantos jantares do século XXI, banda ao vivo. Será Ivete? JotaQuest, a banda do Zé Pretinho? Não, a banda do filho do dono da festa. Ok.
Dress code: esporte fino.
Esporte fino, esporte fino... Já ouvi isso em algum lugar. Na festa de 15 anos da minha vizinha, há 17 anos atrás? Não, naquela era algo como black tie, rigor, ou sei lá o que. Vamos voltar ao traje da festa. Esporte fino......
- Quer dizer que não pode ir de jenas?
- Nem de longo.
Talvez um vestidinho preto, igual a todos os outros 100 vestidinhos pretos que estarão circulando no salão.
- Pode ser um coloridinho, um vermelhinho, um verdinho, um azulzinho?
- Não muito curto, Ju.
- Não pode ser curto? E nem longo? Na altura do joelho. Ah, sei. E por acaso, eu, na altura dos meus 1,59m, tenho vestido na altura do joelho?
Não favorece vestidinho no joelho. Achata.
- Bolsa pequena, tipo carteira.
- Mas tem que ser preta também, ou pode ser coloridinha, vermelhinha, azulzinha?
- Salto alto e fino.
- Lógico que salto alto e fino. Eu não vou nem ao supermercado sem salto alto. E fino empina a bunda. Perfeito!
- E tem que chegar cedo, é festa surpresa, tipo 9 e meia.
- Ah, tá. Esporte fino, preto, salto alto, bolsa pequena, às 9 e meia? Em São Paulo, numa sexta-feira? O que mais querem de mim? Presente?
- Ele emagreceu. Não vá levar uma camisa XXG, hein.

São as regras. As mesmas regras do cheque, as mesmas regras de chamar só um elevador, de estar no trabalho às 9:45, de não tomar sol ao meio-dia, de pedir desconto na feira. Algumas devem ser seguidas, outras não.

Semana que vem, tem a festa de fim de ano lá da loja. Dress code: branco e dourado. Desculpe, patroa, mas minhas calças brancas estão apertadas. Desculpe, patroa, eu dei uma engordadinha. Desculpe, patroa, mas torrei meu dinheiro no Rio de Janeiro e não vou comprar uma calça branca na sua loja. Blusa branca eu tenho, brinco dourado também. Mas vou ficar devendo a parte de baixo. Pode ir de calcinha? Tenho uma branca de rendinha linda!




sábado, 25 de novembro de 2006

4 horas de sono, 9 horas de trabalho e uma cidade alagada. Um filminho no telecine, 2 filhos de Francisco, 10 minutos, dor de cabeça, náuseas, ressurgimento da ressaca que eu cuidei com tanto carinho durante o dia e um mal humor repentino. So sorry povo do sertanejo, mas aqueles meninos são chatos desde cedo.... Pouco me interessa se comeram ovo cru, se cantaram na rádio, se tocavam acordeão. São chatos, chatos e chatos. Vou esperar o Zeca Pagodinho no Serginho Groissman.

sou brasileira, mas sou honesta

- A senhora vai pagar com cheque?
- (senhora é a puta que te pariu!!!) Vou, por que?
- Porque não aceitamos cheques.
- Ah, não? Onde tá escrito que não?
- É que a gente não aceita cheque à noite. São ordens do patrão.
- E o patrão tá aí ou te mandou dizer isso para os clientes?
- Tá não.
- E se eu só tiver cheque? E se eu não saio com cartão à noite? Você tira toda a gasolina que acabou de colocar no meu carro?
- É senhora, não posso fazer nada. Não posso aceitar cheque à noite. Ordens do patrão.
- Então se eu voltar aqui às 6 da manhã, você aceita? Porque aí já é dia, né. Vai saber? De repente à noite eu viro uma trambiqueira e de dia eu volto a ser honesta. Tipo uma Cinderela às avessas.
- A senhora não tem cartão?
- Não te interessa. É da sua conta, por acaso, o que eu carrego na minha bolsa? Eu nem te conheço. Eu tenho cartão, mas se quisesse usar cartão, não teria preenchido essa merda desse cheque. Se eu quisesse pagar no cartão, eu já teria descido do carro há muito tempo, já teria passado pelos frentistas com essa mini saia minúscula, já teria digitado a senha e já teria desaparecido da sua frente!
- Mas custa a senhora ir até ali passar o cartão?
- (senhora é a sua mãe!!!!!!!!!!) Custa, não tô a fim. Tô com preguiça de tirar a minha bunda do banco do meu carro. A bunda é minha, fico com ela onde quiser. E quero ficar com ela no banco do carro. Você vai aceitar a porcaria do cheque ou vai tirar a gasolina? Por mim....
- Tá bom, senhora, mas só dessa vez. Ai, o patrão vai me matar.
- Se ele vai te matar ou não eu não sei. Mas que ele vai aceitar meu cheuqe, isso vai. Aliás, manda ele pegar esse cheque e enfiar no..... Ou melhor, manda ele pegar esse cheque e usar para comprar umas plaquinhas escrito: não aceitamos cheques.

Esse diálogo não aconteceu. Quer dizer, até aconteceu, mas só foram faladas as frases mais leves, porque continuo me esforçando para ser uma pessoa educada. Mas não admito um dono de posto de gasolina ou qualquer outra pessoa achar que eu não honro minhas dívidas porque estou abastecendo meu carro às 11 da noite e não às 3 da tarde.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Oh, Senhor, me dê inspiração. Eu entro nesse blog, dou uma olhadinha, saio, vou trabalhar, tomar água, fumar um cigarro, ver a Hebe, e nada....
Não tem cristo que me faça escrever alguma coisa aqui.
Pensei em escrever sobre o Rio de Janeiro, mas isso não é um diário, então não adianta nada eu contar da minha viagem.
Nem vou dizer que carioca quando nasce assina um termo de responsabilidade se comprometendo a mijar na rua sempre que tiver vontade. Mijar mesmo, porque
existe uma diferença brutal entre mijar e fazer xixi. Quem mija na rua, mija, não faz xixi. Xixi a gente faz no banheiro e com a porta fechada. O Rio de Janeiro poderia ter cheiro de tudo: de maresia, de brisinha, de esgoto, de cerveja, de parafina, mas não. Tem cheiro de mijo e pronto. Mas é bom assim mesmo. Não o cheiro, a cidade.
No Rio não tem menino, tem garoto. Não tem guarda-sol, tem barraca. No Rio, você não desce do taxi. Você salta.
Carioca tem morro, tem bicheiro, tem artista. Tem Ipanema, tem biscoito globo, tem uma mistura de sorvete, água de coco, chopp gelado e bolinho de bacalhau.
Tem Copacabana Palace, floresta da Tijuca, travesti, socialite, trombadinha, turista alemão, restaurante paulista.
Tem Cristo Redentor, Lapa, Pepê, Lagoa. Tem Mangueira, Salgueiro, Portela. Tem Rocinha. Tem Tati Quebra-Barraco, MC Serginho, tem Lacraia.
Tem Falabella, Rodrigo Santoro, Jamelão, Chico Buarque, Monique Evans. Tem de tudo. Tem surfista.
Quando acordei, achei que era meia-noite do dia 31 de dezembro. Fogos na praia de Copacabana? Não, rajada de metralhadora no Morro do Cantagalo. Mas isso é Rio de Janeiro.
É aterrisar quase no mar, é sentir a Rio-Niterói balançando, é ouvir o maixxx, o mexxxmo, o mermão, o vem cá goxxxtosa, é sentir a bateria da escola de samba gritando no ouvido. É sair de havaiana sem medo de ser feliz!
Deus, se um dia você aparecer e disser:
- Minha filha, te concedo um desejo material. Qual você quer?
- Deus, um apartamento na Vieira Souto!
Obrigada!





quarta-feira, 15 de novembro de 2006

cara telespectadora

Feriadão, vontade zero de sair de casa. Mala pra arrumar, massagista pra chegar, tv pra ligar:
- Olha, minha filha, você tem que pegar uma cebola. Uma cebola grande. Pegue também um maço de coentro, gengibre. Um pedaço de gengibre assim ó, de bom tamanho. Não ralado. 2 copos de guaraná e uma banana nanica. Menina, banana nanica é aquela bananona. E 4 folhas de papel sulfite marrom. Então pegue tudo isso e.....

- Meu Deus, que receita é essa? Grotesca. E olha a cara da Claudete. Tá assustada?
- Tá nada. Tá achando ótimo. Receita para as amigas telespectadoras.
- Nossa, cadê a Palmirinha?
-Xiiiiuuuuu, presta atenção na receita.
- Tá, tá.

- Então, minha filha, pela foto que você mandou, você está com encosto. Encosto dos brabos! Seu namorado tem outra. E a outra fez macumba pra você. Você deve tomar muito cuidado em noites terminadas com número ímpar, dia 1, dia 3, dia 5, dia 7....



- Hahahaha, coitada da menina. Além de ter mandado uma foto em que ela tá horrível, ainda tá com encosto e descobriu que é corna no programa da Claudete! -Xiiiiu, vamos ouvir.
- Tá, tá.

- Claudete, lembra daquela telespectadora da semana passada, que perdeu o emprego, o namorado sumiu, a mãe fugiu com o motoboy e a parede da casa desabou? Então, ela ouviu meus conselhos, orou o salmo 42, escreveu treze vezes o nome de Jesus, jogou em água corrente, fez a simpatia da cenoura e começa a trabalhar amanhã como promotora de vendas da avon!
- Claro, Mãe Marisa. E você, com a sua mediunidade, sua clarevidência e sensível assim, fez a vida da moça dar uma guinada!

- Como assim? Simpatia da cenoura? O que a moça fez com a cenoura? Ai, não, melhor nem imaginar.
- Xiiiiu, presta atenção.

- Voltando a querida telespectadora que mandou a foto, junte a cebola, o coentro, o guaraná, a banana e o gengibre e mexa bem. Enrole tudo no papel sulfite marrom. Em noite de lua cheia, jogue a simpatia na esquina da esquina. Assim ó, como eu tô desenhando. Encruzilhada mesmo. Entendeu, minha filha? Isso vai acabar com seu encosto, e seu namorado vai voltar.

- Meu Deus, a mulher é paga pra ir na televisão fazer isso?
- Ué, e o que é que tem? Tá cheio de mulher que acredita nessas coisas.
- E será que ela vai aceitar o namorado de volta?
- Aí já não sei. Mas acho que vai.
- Ai, será que a mandinga vai dar certo? Tô quase me afeiçoando a menina.
- Nossa, você é louca. E vem cá, a gente não parou nesse canal pra ver receita?
- Receita com coentro? Louco é você. Eu odeio coentro.






Rio 40 graus... e 50 kg

Sabe aqueles dias em que você tá triste? Não tristinha, coisa normal. Triste pra @"#$%/*& mesmo! Depressão quase profunda.
Aqueles dias em que você tem certeza que seu rosto tem mais rugas do que você merecia, que sua bunda tá com mais celulite do que você jamais imaginou, que nenhum , nenhum homem, nem aquele cafona fuleiro que usa regata vermelha é a fim de te dar uns beijos, que seu carro tá parecendo um chiqueiro, na sua cozinha não tem uma xícara limpa e o café tá frio, seu quarto tá uma zona, as roupas tão amassadas em cima da cama, porque nenhuma fica boa, todas te deixam gorda, baixa, sem perna, sem quadril, sem peito....
Então. Esses dias deveriam ter menos de 24 horas. E as horas restantes deviam ser jogadas praquele dia em que você tá ótima, feliz, bonita, com paquera novo. Assim: dia ruim, só tem duas horas, dia bom 46! Tudo ia ser mais fácil.
E quando você tá nesse dia péssimo, triste pra cacete e tem que fazer mala pro Rio de Janeiro? Biquini? Todos apertam ali do ladinho. Shorts? Ah, se um shorts entrasse... Regatinha? Qual, se TODAS marcam a barriga? Sandália? Com esse coisa horrível que meu pé se transformou depois de usar salto 8 por 2 anos, 8 horas por dia. Se eu fosse homem metia 3 bermudas na mala, umas sungas, 5 camisetas e um tênis. Perfeito! Mas sou mulher e desde que o Adão inventou de morder aquela porra daquela maça, o mundo é mais complicado.
Por que eu tenho que ligar quase chorando pra minha massagista e implorar pra ela vir em casa AGORA, no meio de um feriado, me fazer uma drenagem de emergência? Por que eu tenho que ir a farmácia comprar creme, protetor solar, bronzeador, condicionador, oléo para as pontas duplas, o.b., porque se não bastasse estar gorda, ainda estarei "naqueles dias" quando desembarcar na cidade maravilhosa.
E aí eu recebo uma mensagem no celular de uma amiga dizendo assim:
- Vem logoooooooo! O sol tá bombando. Tá cheio de gato na praia. Tô tomando uma cerveja geladésima!!!!
Um amigo me chama no msn pra me convidr pra ir no ensaio da Mangueira.
- Sambão de qualidade! Sábado à noite. É nóixxx, Juju!
Outras amigas ligam combinando um happy hour e uma pasadinha no Fashion Mall. O menino do Jardim Botânico pergunta se eu não quero mexxmo ficar na casa dele.
- Oh, obrigada, mas vou ficar na casa de uma amiga querida, que me recebe como se eu fosse uma irmã mais nova.
E eu aqui reclamando que minha vida tá uma merda, que minha celulite tá foda, que eu tô sem um tostão furado?? O quê????
Comerei todos os biscoitos Globo a que tiver direito, tomarei todas as cevejas geladas e caipirinhas que derem vontade, terei todos os surtos consumistas quando vir uma sainha, um vestidinho, uma rasteirinha, irei, sim, da cadeira pro mar sem vergonha de não estar com aquele corpaço, e aproveitarei cada minuto dessa folguinha que Deus me deu pra matar saudades, jogar conversa fora, ouvir histórias, quiçá me jogar num baile funk de categoria, ir em festa de bicheiro, conhecer artista da novela das 8 e me divertir, porque não é possível que uma mulher de quase 32 anos entre em depressão porque um shorts de 5 anos atrás não serve mais.
E eu peso 50 kg. Só.


segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Você tem fome de que?

- Tô com fome?
- Tem bife a parmegiana na geladeira.
- Mas não tô com fome de bife a parmegiana. É de alguma coisa que eu não sei o que é.
- Tem chocolate no armário. Quer? Pega lá.
- Hmmmmmm... obrigada, mas não é chocolate. É uma vontade de comer alguma coisa salgada.
- É, eu sei como é. Esse friozinho dá fome mesmo.
- Não é o frio, é a TPM.
- Quer amendoim. Eu pego pra você?
- Aquele amendoim cheio de sal no fundo do pacote? Não quero. É muito salgado, vai me dar afta. Ai, é alguma coisa....
- Já sei, ba-ta-ti-nha fri-ta??? Acertei?
- Não.... Er-rou....
- Ai, Ju, como você é difícil.
- Eu não sou difícil. Eu só estou com vontade de comer alguma coisa que eu não sei o que é!
- Quer um suco? Acho que é maracuja ou uva, não lembro.
- Suco? Eu estou com fome, não estou com sede. Já sei, um miojo!!!!
- Nossa, Ju, um miojo? Credo!
- Ai, não!! Não tem requeijão. Eu queria miojo com requeijão. O queijo ralado acabou também, né? Só miojo puro não tem graça. E acho que não é miojo. É doce, tipo Bis.
- Putz, Ju, Bis não tem. Quer que eu frite um ovo?
- Hahahahahaahahhahaha, um ovo frito? Essa hora? Quero! Ou melhor, faz um omelete. Presunto, queijo e tomate.
- Não tem presunto, Juliana. Vai na geladeira, escolhe o telefone de um delivery e peça alguma coisa pra essa sua lombriga louca.
- Eu não tenho lombriga. Eu tenho tpm. É igual mulher grávida que tem desejo. É igual!
- O que você quer, pelamordedeus?
- Uma goiaba vermelha. Branca não vale.
- Porra, não serve goiabada?
- Porra o quê? Não, não serve. Se fosse goiabda eu teria ido na cozinha comer goiabada! Eu quero goiaba. Vermelha. Dá pra você fazer alguma coisa?

Homens, ai, homens.....

Quando eu era criança, queria uma máquina de fazer algodão doce. Queria também uma mobilete, um skate, um atari, trinta barbies, um edredom dos Ursinhos Carinhosos e um colant rosa. Ganhei tudo, menos a máquina de fazer algodão doce, porque mamãe dizia que era um trambolho e ia empatar a cozinha dela.

Hoje eu quero só duas coisas: um ipod e um namorado. E não consigo ter nenhum dos dois.
O ipod, porque quando lembro de pedir pra alguém trazer, a pessoa já voltou há mais de um mês.
E o namorado porque não adianta, não engrena.
Aí ontem um amigo falou que eu devo fazer uma lista.
- Lista de homem??
- Não! Uma lista de qualidades e defeitos.

Nem alto demais, nem muito baixinho, porque de gente baixinha já basta eu.
Gordo não! Odeio gordo. Gordo só gosta de comer. Só quer ir em rodízio, em supermercado, na feira de domingo comer pastel, pedir pizza. Fora que gordo sempre tem um sorvetinho dando mole no freezer.
Inteligente. Inteligência é fundamental. Mas que não use palavras que eu não sei o que quer dizer, tipo: conjecturas, doravante, escafandro, hipotenusa...
Bonito. Esse negócio de homem feio não é pra mim. Homens que já namorei: saibam que eu acho vocês muito bonitos.
Culto. Mas não a ponto de discutir o novo livro do Paulo Coelho.
Mão aberta. Homem pão-duro é pior que homem pobre. Se eu tiver que escolher entre um e outro, fico com o pobre, sem dúvida.
Camiseta, camisa, bermuda, calça, tênis, chinelo, sapato e jaqueta. Tá bom. Regata, shortinho, mocassim, gola rolê e sandalinha não vai dar. Se a regata for vermelha, xiiiiiii.
Música preferida pode ser qualquer uma. Contanto que não faça performance da Lacraia no churrasco dos meus amigos, tudo bem.
Ah, falar baixo, por favor.
Não gritar com garçom, porteiro e afins, e nem comigo.
Não pode de jeito nenhum fazer o estilo engraçadinho, daqueles que contam piada sem graça e engasgam com a própria risada.
O tipinho "sou gostoso" também não pode. Não pode achar que além de mim, todas as outras mulheres do mundo estão a fim de você. Porque não estão.
Beba. Nem que seja um vinho. Mas beba, porque eu bebo e não gosto de beber sozinha.
Não precisa saber trocar lâmpada e nem consertar a tv, porque isso eu sei. Mas tem que matar barata, espantar sapo, sumir com lagartixa, e se precisar, apagar incêndio.
Seja são paulino. Se não der, seja discreto. Nada de atirar o tênis na tv, nem dar soco na almofada, nem ficar chamando o juiz de filho da p@#&%#, e nem deixar o caderno de Esportes embolado no banheiro na segunda-feira.
Se for olhar bunda de mulher que a mulher seja realmente uma gostosa. Olhar pra bunda de baranga não dá. Pra peitos, pernas, barriguinhas tanquinho, etc, vale a mesma regra.

Bom, e tem que ser carinhoso, pentear meu cabelo, estalar minhas costas, saber deixar o miojo no ponto certo, ser bom churrasqueiro, bom fotógrafo, bom de cama, bom nos negócios, bom com a mãe, e ser for me dar um ipod, ter a sensibilidade de comprar rosinha.


nossa língua portuguesa

Aí meu carro quebrou. Quer dizer, não foi bem um quebrou de parar. Mas as luzes do painel apagaram.
Como boa motorista que sou, não preciso das luzes do painel pra dirigir. Sei muito bem quando o freio de mão tá puxado, quando a gasolina tá na reserva ou quando o carro tá prestes a explodir por falta de água e óleo.
Mas de qualquer forma, achei prudente passar na oficina.
- Moço, você pode dar uma olhadinha pra mim?
- Ah, dona, é fuzil?
- Fuzil????? Ai meu Deus, onde? Abaixa, moço, abaixa!
- Não, dona, é o fuzil que queimou. A senhora não sabia que tem uns fuzil no carro?


Outro dia a moça que trabalha em casa estava com muita dor na coluna.
- Carregou peso de novo, Severina?
- Não senhora. É uma dorzinha que vai subindo. Mas vou dar uma instalada que já melhora?
- Vai instalar o que, Severina, o varal novo? Com essa dor? Deixa pra outro dia.
- Não, senhora, dona Ju. Vou instalar as costas. Fazer aquele crec-crec.


Lá no bar:
- Por favor, você me traz uma porção de bruscheta?
- Que isso, dona Juliana. A senhora não era assim. Saiu do armário, foi? E bebeu antes de vir pra cá?
- Não, João, continuo gostando daqueles carinhas, e tô sóbria ainda. Eu só queria comer umas bruschetas.
- Ai, menina, isso é piada, é? É pegadinha! Cadê a câmera?
- Ai, João, tá, traz uma porção de pastel, vai.


A menina que ajuda lá no trabalho tá passando por uma fase meio chata. Vive agitada, faz tudo errado, chega atrasada.
- Valquirinha, o que você tem?
- Ai, Ju, tô doente.
- Credo, menina, tá com que?
- Tô com o sistema nervoso.
- Sei. O sistema tá nervoso aí dentro?
- Isso, Ju. O médico receitou umas pírulas.
- Umas pílulas?
- Não, Ju. Pílula é pra não ter filho. Ele receitou pírula.







sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Sim, sou beeeem melhor que você

É engraçado como algumas pessoas sempre dão um jeitinho de exercitar suas auto-afirmações para cima dos outros. Não, isso não é uma queixa, mas um comentário sobre o que eu noto nas mais variadas situações.
Quem não tem uma amiga que sempre tem uma história melhor que a sua pra contar?

- Nossa, amiga, peguei um resfriado essa semana!
- Menina, e eu então que tive pneumonia e fui parar no hospital!! Um horror!

- Amiga, ganhei R$150,00 no jogo do bicho! Olha que delícia!
- Jura? Vc não sabe? Ganhei US$1.000.000 na loteria semana passada!

- Fui cortar o cabelo ontem.
- E eu que fui no salão e cortei, tingi, fiz banho de queratina, pé, mão e depilação! Nossa, vc pagou qto no seu corte?
- R$50,00, por que?
- Por nada, meu salão anda meio caro. Paguei R$130,00, vc acredita?

- Tive insônia essa noite, não dormi bem.
- Não, não, não!!! Vcê tem insônia???? Nossa, como somos parecidas. Eu tenho insônia há aaaanos!

- Aluguei aquele filme: E se eu fosse você.
- E eu vi no cinema. Fui na pré-estréia. Ótimo, não é?

- Amiga, tô pegando o Rodrigo Santoro!!!
- Não te contei quem não para de me ligar? George Clooney, meu bem!

- Tô grávida!
- De quantos?
- De 1, ué.
- Ah, eu tô de três, trigêmeos!!!

- Apanhei da ex do bofe. Ela me deu um soco na cara!
- E eu que apanhei de soco inglês, taco de golfe e tive fratura exposta!

E por aí vai. Suas histórias nunca são interessantes o suficiente, nunca são inéditas e nunca são tão legais! Claro que eu não apanhei da ex do bofe e ela não ganhou um milhão de dólares na loteria, mas na vida dela sempre acontecem coisas muito mais incríveis do que na sua vidinha. Essa vidinha medíocre que você leva.....

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Amor, faz um favor? Não, não é pegar água na cozinha...
É uma outra coisa, assim, como eu vou pedir? Ai.....
Ah, volta? Volta, vai? Tá tudo tão sem graça sem você.
Ando tão sem paciência para os garotos da minha idade, para os meninos de 25 e para os paquerinhas sem futuro.
Volta, vai, é pertinho.

Eu juro que nunca mais falo mal da Juliana Paes e da Piovani. Elas são, sim, gostoséérrimas.
Não deixo mais aquela calcinha irritante pendurada no box do banheiro. E vou tampar a pasta de dente três vezes ao dia.
É, eu sei que é viagem minha. Imagina se eu reclamo que tenho celulite e que meu cabelo fica elétrico na chuva? Isso é coisa de mulher louca. Não tenho isso não, amor.

Tá bom, você vai viajar a trabalho pra Miami? Ok. Claro que eu confio em você.

Amor, e eu lá gosto de novela? Aquela ali é quem mesmo? A Regina Duarte? Você acredita que eu nem sabia que ela era Helena pela décima vez?
Vamos, amor, vamos sim domingo ao Morumbi ver o São Paulo jogar embaixo do sol. A camiseta do tricolor é a peça preferida do meu guarda-roupa.

Comida japonesa? Aquela coisa cru, enrolada naquela coisa preta, com arroz transbordando? Quem disse que eu não gosto? Gosto sim, você é que não tá se lembrando.

Por que eu passo quatro horas no salão fazendo pé, mão, depilação, tomando uma coca light, retocando a raiz e fazendo uma escovinha? Ah, por nada, amor. Na verdade nunca li Caras na vida, nem sei o que vou fazer no salão.

Bom, amor, é isso. Volta, vai. Dê sentido a minha vida amorosa novamente. Eu não aguento mais ficar longe de você. Eu faço tudo pra você voltar, até contar algumas mentirinhas e prometer o que jamais vou poder cumprir.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Este texto foi deletado pra reforma.

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

a tal da virose

Quando eu era criança, bons tempos aqueles, a gente pegava gripe, catapora, rubéola, sarampo, mas virose nunca peguei.

No meu tempo, dor de barriga chamava dor de barriga, dor de cabeça, acreditem, chamava dor de cabeça. Espirro era resfriado e espirro com febre era gripe. Dor de garganta era três dias sem ir pra escola e pastilha de morango. Se fosse grave, uma bela benzetacil na bunda e pronto. Muita tosse com febre e quase morrendo era pneumonia e aí tinha que correr pro hospital e ficar 6 meses sem tomar sorvete.

Diziam que menina tinha que pegar rubéola antes de ter filho e eu, com 8 anos, crente que ia ter filhos com 18, peguei rapidinho pra ficar livre. A gente ria se os meninos pegavam caxumba, porque contavam que a caxumba descia pra um lugar do corpo que ninguém explicava direito onde era, mas era engraçado imaginar.

Agora tô eu aqui com o nariz escorrendo há 24 horas, com os olhos lacrimejando sem parar, com um rolo de papel higiênico ao lado da cama e o diagnóstico? Virose.

Tudo é virose. Criança, adulto, velho, todo mundo pega.
- É esse tempo louco, minha filha...
Esse vírus da virose, porque se tem esse nome, só pode ser vírus, tá em todos os lugares, dizem os médicos. No elevador, no ar condicionado do trabalho, na casa da vizinha, na balada. O vírus da virose é puro poder. Tá em rico, em pobre, em trabalhador, em desempregado, em menino que não quer ir a aula, em todo mundo.

- Tem remédio, doutor?
- Sim, você pode tomar esses remédios comuns pra gripe mesmo.
- Mas então é gripe?
- Não, é virose.

Volto pra casa sem entender nada dessa novidade da medicina e com a certeza de que só tenho um resfriado. Mas o médico falou:
- Dor de cabeça misturada com dor de barriga é virose. Vômito e aquela fraquezinha, virose. Se seu nariz voltar a escorrer, use remédio pra gripe, mas é a tal virose.
- E se for a rinite que eu tenho desde criança, doutor?
- Ah, você tem rinite? Então pde ser. Tome um antialérgico e volte daqui há uma semana.
- Mas não é virose?



o sequestro

Ladrões do meu Brasil veronil, vou pedir uma coisinha pra vocês: não me sequestrem!
Não por nada, não porque não vou ter um puto pra pagar o resgate, mas porque tenho achado sequestro uma coisa tão fora de moda, tão brega.
Já foi o tempo em que sequestravam pessoas ilustres, poderosas, ricas. Agora até o dono da mercearia é sequestrado, seu Ladrão. O cara, com esse país do jeito que tá, não consegue nem pagar o fornecedor de caqui, quanto mais resgate de sequestro.
Eu não quero, obrigada.
Antigamente sequestravam na porta do Iguatemi, do Fasano, do Alphaville. Agora é essa palhaçada de sequestrar na saída da feira, do motel de beira de estarda, pedir só dez mil pra liberar, transmitir no Fantástico.... ah, não, muito cafona pro meu gosto.
Tudo bem que agora vocês estão mais experientes e oferecem doritos, colchonete, guaraná, pinico, mas eu tenho gastrite, sabe, seu Ladrão, então Doritos é quase um crime pra mim. Fora que fede e eu odeio comida que fede!
Sequestro perdeu totalmente o glamour. Não se vê mais banqueiro, publicitário, empresário internacional sendo sequestrado. Só aquele povo "gente como a gente". Nem sqeuestro político existe mais. Tá muito sem graça. Vocês deviam mudar de ramo.
E do jeito que eu tô carente, vai que passo a ter síndrome de Estocolmo. Aí já viu, né, seu Ladrão, você vai ter me aturar te mandando torpedo, email, ligando lá no seu barraco, indo no baile funk que você frequenta. Já imaginou?